18 de julho de 2010

Continuando..Chegando em Mato Grosso do Sul



Continuando minha primeira postagem por aqui, terminei contando que em 1991 mudei para Campo Grande, a cidade Morena, capital de Mato Grosso do Sul. E lá, como em muitos locais na época, falar em coleta seletiva, reciclagem era coisa de doido.
Lá comecei a trabalhar como jornalista, repórter e foi no primeiro jornal, no extinto jornal Diário da Serra, acompanhei uma audiência pública sobre coleta seletiva com um representante de Campinas , São Paulo, onde, na época, era referência.
As discussões começavam, muito timidamente mas quando algum catador morria, ao ser atropelado por um caminhão no lixão ou matérias mostravam as crianças “trabalhando” nos aterros, o tema tornava-se manchete.
Eu como cidadã separava meu lixo. Como não havia coleta seletiva quando via um catador, chamava-o e dava tudo que poderia ser reciclado. Os vidros com tampas de roscas doava para a maternidade local, para o banco de leite. E quando demorava a aparecer catador colocava no carro todo o lixo reciclável e entregava na cooperativa de catadores.
Já trabalhando na TV Guanandi (Band), como produtora do telejornal procurava inserir o tema nas reportagens mas nem sempre isto era possível. Numa tarde o colega Luiz Benitt que normalmente acompanhava as sessões da Câmara Municipal e Assembleia teve uma de suas pautas derrubada (= não aconteceu) e decidiu ir até o lixão e ver se rendia algum material, afinal o jornal tinha que ir ao ar. Mostrando aquele monte de gente que vivia dos restos da cidade o cinegrafista, não lembro o nome (desculpe!) registrou a imagem que fez com que todos se emocionassem.
A cena era a seguinte: Um menino, que aparentava mais ou menos dois, três anos achava uma garrafa de Coca-cola com um pouquinho do refrigerante dentro. A expressão de felicidade desta criança ao encontrar e rapidamente abrir e beber aquele refrigerante foi como uma bofetada na cara da gente.
Aquilo que era desconsiderado pela sociedade, considerado lixo, foi para aquela criança, que vivia da sorte de achar algo para comer, vestir, calçar, beber, a FELICIDADE. A matéria, infelizmente, não tenho a cópia, foi ao ar no nosso jornal, o Guanandi Notícias e encaminhado para a rede nacional que também a exibiu tocando no mesmo ângulo da questão. Até quando pessoas vão viver naquela situação, garimpando no lixo a sua sobrevivência? E apesar de fazer alguns anos, esta mesma cena se repete todos os dias na maioria das cidades brasileiras.
E a pergunta persiste. Ainda existem muitas pessoas, famílias que aguardam o lixo de nossas casas para garantir um prato de comida.
É preciso exercitar nosso papel de cidadão e evitar a produção exagerada de lixo. Todos nós temos algo com isto.
Até mais!

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