Associações brasileiras de óleo vegetal, baterias e filtros automotivos
assinaram nesta quinta-feira (20) um termo de compromisso com o governo do
estado de São Paulo em que se responsabilizam pela coleta de resíduos de seus
produtos nos municípios paulistas.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente do estado, Bruno Covas, a ação
demonstra o amadurecimento do setor produtivo, que entendeu a importância de se
investir no destino final dos resíduos sólidos. “A gente tinha uma cadeia
produtiva linear. O produto era criado, consumido e jogado fora. A gente está,
aos poucos, introduzindo uma cadeia produtiva circular. Esse produto, depois de
ser utilizado, é reaproveitado e com apoio e financiamento da própria
indústria”, declarou.
O termo foi assinado também pela Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais
(Abiove), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e a
Associação de Empresas de Filtros e seus Sistemas Automotivos e Industriais
(Abrafiltros).
No caso da Abiove, que representa empresas responsáveis pelo processamento e
fabricação do óleo de cozinha, haverá ampliação do número de pontos de coleta já
existentes, passando dos atuais 800 locais de recolhimento para cerca de 1.000
em todo o estado. Segundo Bernardo Machado Pires, diretor de Sustentabilidade da
Abiove, a ideia é aumentar para 900 pontos, em um prazo de dois a três anos, e
chegar a 1.000 em, no máximo, quatro anos.
Bernardo destacou também a criação do site www.oleosustentavel.org.br para
orientar os consumidores sobre os pontos de entrega mais próximos. “Toda
indústria que fabrica produtos que tenham impacto ambiental têm a
responsabilidade, compartilhada com os governos, de ajudar a trazer de volta
esses resíduos”, disse.
Após a coleta do óleo, organizações não governamentais (ONGs) cadastradas se
encarregam do reaproveitamento do material. “O óleo é muito usado para
biodiesel, tintas, vernizes e sabão. Tem muitas comunidades que usam esse óleo e
até têm um bom retorno econômico. Uma boa alternativa de trabalho e renda para
as comunidades mais pobres”, disse Bernardo.
Já a coleta dos filtros automotivos usados, feita pela Abrafiltros, teve
início em julho deste ano, como forma de teste, em um grupo de cerca de dez
municípios do estado. Segundo João Moura, presidente da associação, o
recolhimento tem sido feito nos postos de combustíveis, de onde os filtros são
enviados para usinas de processamento. “Lá, sofrem uma lavagem inicial e depois
são triturados. A chapa é separada do resíduo do meio filtrante, que são papéis,
cola, borracha e plástico que determinados filtros usam. Depois, são compactados
e a chapa é enviada para a usina e os resíduos de papel, borracha, plásticos
seguem como componente energético em cimenteiras”, disse.
Ao contrário do óleo, que tem custo baixo para reciclagem, os filtros exigem
maior investimento das empresas fabricantes. “Para o nosso setor é um custo
muito representativo, porque o filtro é um dos poucos que você não pode
reaproveitar. O único benefício é para o meio ambiente”, declarou Moura.
André Luis Saraiva, diretor de Responsabilidade Socioambiental da Abinee,
informou que, no setor de baterias automotivas, a logística reversa já é uma
realidade. “Hoje, esse segmento recicla 98% do volume comercializado”, disse.
Segundo Saraiva, sempre que um consumidor vai a uma autoelétrica trocar a
bateria do carro, ele entrega o produto antigo ao revendedor que o repassa para
a destinação correta.
A importância da assinatura do acordo de hoje, de acordo com o diretor da
Abinee, está na fiscalização do cumprimento da lei. “A Cetesb pode ampliar a sua
margem de ver quem não está cumprindo o acordo. As empresas que não estiverem
cumprindo sofrerão as sanções que a lei prevê”, disse.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente, os próximos setores a adotarem o
sistema de logística reversa são o de lâmpadas fluorescentes e de embalagens de
alimentos e bebidas. “Vamos chegar em um futuro, espero não muito longe, em que
as indústrias que não tiverem o seu plano de logística reversa não vão poder
comercializar no estado de São Paulo”, disse.
Fonte: Site Folha Vitória
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